Ambientalistas dão importante passo na discussão dos impactos ambientais no Complexo do Parque dos Poderes
Audiência pública sobre a proteção do Complexo do Parque dos Poderes. Foto: Wagner Guimarães |
A mobilização da sociedade civil pela defesa do Cerrado e da biodiversidade do Complexo do Parque dos Poderes em Campo Grande, Mato Grosso do Sul tem ganhado força a cada dia desde o conhecimento de um pedido de supressão de uma área de 3,3 hectares dentro do parque, assinada pelo governador Reinaldo Azambuja.
Ambientalistas em protesto em defesa do Cerrado do Parque dos Poderes durante a audiência pública sobre a proteção do Complexo do Parque dos Poderes. Campo Grande. Foto: Bruno Guimarães |
No mesmo dia, a sociedade civil havia entrado com um dossiê colaborativo no Ministério Público Estadual, para apontar a situação e apresentar questionamentos e soluções menos impactantes ao local.
Botânicos voluntários. Foto: Thomaz Sinani |
No último fim de semana uma equipe de pesquisadores voluntários da UFMS, sabendo a importância
do local para a cidade, contribuiram de forma voluntária com um levantamento assistemático rápido de espécies de plantas nativas. "No estudo de flora realizado em poucas horas foi possível identificar 99 espécies, dentre elas algumas espécies ameaçadas e que são recursos essenciais para a fauna local. As espécies mais comuns são de cerradão, fitofisionomia de Cerrado pouco comum devido à sua substituição por atividades agropecuárias.", relata a pesquisadora e doutora Vivian Almeida Assunção.
Simone Mamede, sócia-diretora do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental, afirma que esse
Uma das campanhas de levantamento de aves durante o Big Day promovido pelo Instituto Mamede e parceiros. |
O turismo de observação de aves e uso racional do ambiente enquanto Patrimônio Paisagístico é uma forma de reconhecimento e valorização da cidade. O cuidado com essas áreas verdes geram bem-estar, economia e apreciação estética da natureza. Esses dados apontam que a área tem peculiaridades que remetem a sua importância ecológica, cultural e econômica para a capital. Saber coexistir pode ser um dos caminhos para a sustentabilidade.", afirma Mamede.
Outra preocupação apontada pelos ambientalistas é com a drenagem da água realizada pelo local e que pode ter relação direta com o assoreamento em córregos próximos como Joaquim Português, que se encontra dentro da Unidade de Conservação do Prosa. "Por todas essas razões a sociedade civil entende que antes de qualquer atividade, estudos ambientais aprofundados devem ser realizados, somados aos estudos de conservação do solo para verificar a real viabilidade atual de drenagem do local, uma vez que a área a ser desmatada representa um grande bolsão de absorção de água da chuva, que ajuda no amortecimento da vazão em canais de drenagem, freiando o escoamento e velocidade de vazão da água." diz Caio Aspét, engenheiro ambiental e ambientalista que também participa do movimento.
A sociedade civil também aguarda o tombamento do Parque dos Poderes conforme abordado no decreto 606 de 2018, e que a paisagem do Cerrado ali existente seja realmente protegida, pois ela tem um importante significado enquanto patrimônio cultural e ambiental para a comunidade sul-mato-grossense.
Reunião no Bosque das Aves, Parque dos Poderes Campo Grande, MS. Maio de 2019 |
Texto: Rodrigo Motta.
Fotos: Wagner Guimarães, Bruno Guimarães, Paula Martins. Thomaz Sinani
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