Ambientalistas dão importante passo na discussão dos impactos ambientais no Complexo do Parque dos Poderes

Audiência pública sobre a proteção do Complexo do Parque dos Poderes. Foto: Wagner Guimarães

A mobilização da sociedade civil pela defesa do Cerrado e da biodiversidade do Complexo do Parque dos Poderes em Campo Grande, Mato Grosso do Sul tem ganhado força a cada dia desde o conhecimento de um pedido de supressão de uma área de 3,3 hectares dentro do parque, assinada pelo governador Reinaldo Azambuja.

Ambientalistas em protesto em defesa do Cerrado do Parque
dos Poderes durante a audiência pública sobre a proteção do
Complexo do Parque dos Poderes. Campo Grande. Foto:
Bruno Guimarães
Recentemente ambientalistas, biólogos, artistas, professores, acadêmicos e moradores da região do Complexo do Parque dos Poderes estiveram presentes em recente audiência pública que debateu sobre os impactos ambientais na região, incluindo além do desmatamento, o caso do córrego pedregulho e do assoreamento do lago do Parque das Nações Indígenas. A audiência, convocada pelo vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado estadual Felipe Orro, apontou caminhos sustentáveis e levantou a necessidade de estudos dos impactos ambientais, resultando na criação de uma comissão especial para acompanhar o caso.

No mesmo dia, a sociedade civil havia entrado com um dossiê colaborativo no Ministério Público Estadual, para apontar a situação e apresentar questionamentos e soluções menos impactantes ao local.
Botânicos voluntários. Foto: Thomaz Sinani

No último fim de semana uma equipe de pesquisadores voluntários da UFMS, sabendo a importância
do local para a cidade, contribuiram de forma voluntária com um levantamento assistemático rápido de espécies de plantas nativas. "No estudo de flora realizado em poucas horas foi possível identificar 99 espécies, dentre elas algumas espécies ameaçadas e que são recursos essenciais para a fauna local. As espécies mais comuns são de cerradão, fitofisionomia de Cerrado pouco comum devido à sua substituição por atividades agropecuárias.", relata a pesquisadora e doutora Vivian Almeida Assunção.

Simone Mamede, sócia-diretora do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental, afirma que esse
Uma das campanhas de levantamento de aves durante o Big Day
promovido pelo Instituto Mamede e parceiros.
levantamento irá complementar dados relevantes para a flora e contribuirá numa análise mais integrada sobre a  avifauna e sua interação com as plantas e outros elementos da biodiversidade já  catalogados anteriormente, também de forma voluntária, pela equipe do Instituto Mamede. "
O turismo de observação de aves e uso racional do ambiente enquanto Patrimônio Paisagístico é uma forma de reconhecimento e valorização da cidade.  O cuidado com essas áreas verdes  geram  bem-estar, economia e apreciação estética da natureza. Esses dados apontam que a área tem peculiaridades que remetem a sua importância ecológica, cultural e econômica para a capital. Saber coexistir pode ser um dos caminhos para a sustentabilidade.", afirma Mamede.

Outra preocupação apontada pelos ambientalistas é com a drenagem da água realizada pelo local e que pode ter relação direta com o assoreamento em córregos próximos como Joaquim Português, que se encontra dentro da Unidade de Conservação do Prosa. "Por todas essas razões a sociedade civil entende que antes de qualquer atividade, estudos ambientais aprofundados devem ser realizados, somados aos estudos de conservação do solo para verificar a real viabilidade atual de drenagem do local, uma vez que a área a ser desmatada representa um grande bolsão de absorção de água da chuva, que ajuda no amortecimento da vazão em canais de drenagem, freiando o escoamento e velocidade de vazão da água." diz Caio Aspét, engenheiro ambiental e ambientalista que também participa do movimento.

A sociedade civil também aguarda o tombamento do Parque dos Poderes conforme abordado no decreto 606 de 2018, e que a paisagem do Cerrado ali existente seja realmente protegida, pois ela tem um importante significado  enquanto  patrimônio cultural e ambiental para a comunidade sul-mato-grossense.

Reunião no Bosque das Aves, Parque dos Poderes
Campo Grande, MS. Maio de 2019
Na manhã do dia 26 de maio de 2019, reuniram representantes dos três movimentos ambientalistas "S.O.S Parque", "S.O.S Chácara dos Poderes" e "Amigos do Lago" . Onde? No "Bosque das Aves", como vem sendo reconhecido o local previsto para o desmatamento, na intenção de chamar a atenção da sociedade para a quantidade de espécies existentes no local. A  debateu estratégias de conservação ambiental, proteção da área ameaçada de desmatamento e perspectivas sustentáveis para a cidade. No dia 08, sábado, o coletivo Bici nos Planos e o Bike Anjo Campão, promovem um Pedal Ambiental pela semana mundial do meio ambiente, e também abordará sobre os impactos ambientais na área.
Texto: Rodrigo Motta.
Fotos: Wagner Guimarães, Bruno Guimarães, Paula Martins. Thomaz Sinani

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