Curso de Biologia de Campo e Ciência Cidadã
Curso de Biologia de Campo: biodiversidade do Cerrado e Ciência Cidadã |
desenvolvidos desde 2011 para as diversas universidades do Brasil, com o objetivo de contribuir na formação acadêmica dos futuros biólogos, aprimorar e atualizar biólogos já formados em metologias de campo sem perder o enfoque humanista. O curso é oferecido tanto para licenciatura quanto para bacharelado. Como diz Mauro Guimarães"... é importante fazer todo mundo junto, ao mesmo tempo, agora...". A integração entre licenciatura e bacharelado torna as práticas mais sistêmicas e holísticas com uma visão que privilegia o conhecimento e a valorização da sociobiodiversidade.
O curso de dezembro intitulado "Curso de Biologia de Campo: Biodiversidade do Cerrado e Ciência Cidadã na Borda Leste do Pantanal" foi realizado na RPPN Quinta do Sol, Corguinho-MS e teve como participantes acadêmicos das turmas de biologia da UNESP de Rio Preto e biólogos já formados (mestrandos).
Foram quatro dias de vivências na natureza e com a natureza. Fomos desafiados à missão: Como estimular o Cerrado a se revelar a olhos desconhecidos e de terras longínquas? Estudos em biologia nos ajudam a prospectar a natureza como protagonista da vida. Assim, entre os dias 19 e 22 de dezembro, o Cerrado do Planalto Maracaju-Campo Grande (Serra de Maracaju) revelou sua magia e composição aos 37 alunos da Unesp de Rio Preto. Ônibus lotado de expectativas, mas também de incertezas e angustias com a travessia. Afinal, a máquina nem sempre está sintonizada com a natureza. O ônibus talvez não superasse os obstáculos dos 60km até a Quinta do Sol. Mas na natureza tudo tem seu tempo, seu ritmo. Aos poucos vamos entendendo e nos entregando. E o Cerrado estava lá pujante, como sempre, aguardando olhos de estima.
Cada momento foi ímpar, cada flor, fruto, plantas endêmicas, algumas das 44% de plantas exclusivas do Cerrado. Qual a utilidade? Para vários fins conhecidos, alimentação, estética, medicina popular etc. Útil ou não, do ponto de vista antropocêntrico, elas contribuíram para o encantamento do lado de cá do sertão.
As noites também ganharam luzes a mais, seja pelo lençol luminoso, ou pela luz natural dos cupinzeiros bioluminescentes. Não, não era alma-penada, eram vidas inteiras e famintas a espera de suas presas, cumprindo assim, a teia da vida.
Rastros deixados, vestígios e evidências de quem
nem sempre acerta os ponteiros com os horários humanoides de atividade. Sim, eles se movimentaram bastante por esses dias - ou melhor, noites -, tamanduás, lobinho, mão-pelada, tatu-galinha, tatu-peba, cotia, anta... Queríamos tanto ter o privilégio de contemplá-los pessoalmente. Não seja, por isso, a focagem noturna para estudos da mastofauna realizou o desejo de muitos. Lobinhos, antas e tamanduás se apresentaram na noite escura, fazendo a alegria e contribuindo para ampliar o N de mamíferos observados.
Quem dera encontrássemos também indivíduos de Plecoptera e Trichoptera no córrego Galheiros. Desejo antigo, de outros cursos de campo. E não é que eles também se dispuseram no caminho das águas? É, a travessia...
E o que dizer das aves? Foram mais de 90 espécies, para alguns 89 lifers!!! O primeiro encontro com udu-de-coroa-azul, com surucuá-de-barriga-vermelha, a alma-de-gato que
presenteou a todos durante a apresentação dos trabalhos! Rapazinho-do-chaco e também do Cerrado deixava as manhãs mais sonoras. Araras, os maiores psitacídeos também se apresentaram na travessia. Até mesmo a arara-azul, a maior do mundo, estava no caminho.
A ciência contabilizou 10 projetos executados e resumos elaborados, sobre os 4 grupos biológicos: botânica, entomofauna, avifauna e mastofauna. Mas o diferencial não estava apenas em conhecer um Cerrado cheio de bichos e plantas, mas também como transformar nossos dados, nossos N em resultados para a sociedade. Desse modo, a ciência cidadã também foi presente e corou os trabalhos científicos desenvolvidos. Dois projetos trataram frontal e belissimamente essa questão, concluindo que não podemos privar as comunidades do conhecimento produzido pelos cientistas. Mais que isso, ações de ciência cidadã ampliam nossos braços em prol da conservação e sustentabilidade, que tanto almejamos. As discussões e resultados provaram que precisamos avançar na conquista e formação de agentes de conservação. E, muitas vezes, o que lhes falta é acesso ao conhecimento. Todos os trabalhos serão publicados em um e-book, a ser lançado em 2018.
De fato, na chegada éramos um, na despedida, outros! Noites a fio compilando dados, lendo artigos, refletindo, construindo resumos e interagindo com boas virtudes. Disto nos relata Guimarães Rosa: "o real não está nem na chegada nem na saída, ele se dispõe para a gente é no meio da travessia"!
A palavra escolhida para representar o grupo não podia ser melhor que "GRATIDÃO"!!
O Instituto Mamede agradece a todos os parceiros que contribuíra para que o Curso de Biologia de Campo: Biodiversidade do Cerrado e Ciência Cidadã fosse realizado, ao Instituto Quinta do Sol, Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Anhanguera-Uniderp, MUPAN (Mulheres em Ação no Pantanal), Programa PET - UNESP. O momento não seria o mesmo sem o apoio de vocês!! Nossa gratidão...
Se a missão foi cumprida? Acompanhemos alguns depoimentos:
Alana Della Torre |
O curso foi de excelente qualidade, muito completo, as atividades todas muito bem programadas, abrangendo perfeitamente o tripé universitário (ensino, pesquisa e extensão) o que é de extrema importância para uma formação completa dos alunos, além da preocupação social que também foi tratada, a ciência cidadã, um tópico essencial muitas vezes deixado de lado. Esperamos voltar mais vezes, gratidão (Alana Della Torre)
Marina Maia Torres |
Paula Buzutti |
Não tenho palavras pra descrever esses dias... só tenho a agradecer por todo o conhecimento compartilhado e por toda essa vivência inesquecível (Paula Buzutti)
Gustavo Rodrigues |
Experiência única e transformadora, uma pausa para respirar e descansar dessa vida caótica em que vivemos e apreciar o que há de mais lindo e puro nessa vida que é a natureza. Que saudade da comida, da energia e dessa terra linda! (Gustavo Rodrigues)
Vanessa Tomazini |
Foi uma experiência única que me fez aprender e crescer demais ❤ gratidão!!! (Vanessa Tomazini)
Majú Lagioto |
O último dia e o registro da despedida. Esses quatro dias não poderiam ter sido melhores. “Gratidão” é a palavra do que já foi, talvez “saudade” seja a palavra do que fica. #cursodecampo #institutomamede. (Majú Lagioto)
Ana Isepan |
Sem explicação! Obrigada por todos que fizeram parte dessa viagem inesquecível! (Ana Isepan)
Marcio Avanso |
Tarefa um tanto difícil é relatar a experiência que vivi no curso de campo "Biologia de campo e ciência cidadã", mas posso dizer que ainda sinto em meu corpo a energia que era passada toda manhã em uma corrente humana onde todos ficavam de mãos dadas. Não poderia me encontrar de outra forma se não apaixonado pelo Cerrado. A apresentação que tivemos deste, dada sua devida importância, nos fará querer voltar sempre. "A vida em seus métodos diz calma", e com todo o grupo do Instituto Mamede no Cerrado e com o Cerrado pude alinhar o relógio caótico da cidade com o da natureza, contemplando toda a sua beleza exuberante. Sigo mais forte e grato por continuar com um pouquinho de cada um que contribuiu para esse momento acontecesse. (Marcio Avanso)
André Suzuki |
Agradeço por tudo, porque foi uma experiência incrível, que mudou a minha forma de enxergar as coisas e contribuiu muito para o meu crescimento enquanto pessoa...
(André Suzuki)
Visão de Futuro!! |
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