Ecoturismo de Base Comunitária na Comunidade Quilombola Furnas da Boa Sorte, Serra de Maracaju – Corguinho, MS
No último final de semana (18 a 20/11/2016) estivemos reunidos no Curso de Ecoturismo de Base Comunitária – Planejamento e Sustentabilidade na Comunidade Quilombola Furnas da Boa Sorte.
Esta modalidade de turismo se sustenta na valorização da biodiversidade e das comunidades organizadas portadoras de identidade específica: atributos que não faltam em Furnas da Boa Sorte. A área quilombola se estende por superfície territorial de 1,4 mil hectares aproximadamente, preenchida por serras, furnas, cerrados, grotas, águas e muitos outros elementos dispostos pela Serra de Maracaju, onde a comunidade, organizada em quase 50 famílias, vive e se sustenta. Tudo isso constitui cenário ideal para o ecoturismo de base comunitária. Numa primeira constatação,pode-se dizer que se trata de um tipo de turismo que rompe vários paradigmas, desde o protagonismo exercido pela comunidade, o contraponto ao turismo de ostentação e consumismo, inclusão social, compartilhamento de ganhos e perdas, interação com os moradores e participação no convívio diário, valorização e proteção da biodiversidade, e geração de renda a partir da conservação da natureza.
Estiveram reunidos vários profissionais das áreas: artes plásticas, biologia, educação física, engenharia de software, engenharia ambiental, direito, gestão ambiental, pedagogia e turismo, provando que meio ambiente é assunto que atinge e cativa a todos.
O que rolou no curso, além de (re)conexão com a natureza, encontro intergeracional, comprometimento e sensação de irmandade entre todos?
A programação esteve recheada de assuntos como: Turismo de Base Comunitária, Ecoturismo – conceitos e prática, Ecoturismo de Base Comunitária, Técnicas em Agrofloresta, Hospitalidade e Culinária. As atividades práticas consistiram em: visita à residência de membros da comunidade, mapeamento participativo de produtos de serviços para o ecoturismo de base comunitária (mapa falado) e construção coletiva do calendário sazonal da oferta turística na comunidade.
Reunião, troca de saberes, democratização de conhecimento sobre uma oportunidade de turismo comprometida socioambientalmente e com vistas à complementação de renda foram algumas das conquistas do final de semana. Próximos passos necessários: divulgação, monitoramento, formação em empreendedorismo comunitário, formatação de roteiros ecoturísticos, formação de condutores de visitantes.
O domingo, marcado pelo Dia da Consciência Negra, selou o final de semana com harmonia, abraço coletivo e sintonia entre natureza e pessoas.
O domingo, marcado pelo Dia da Consciência Negra, selou o final de semana com harmonia, abraço coletivo e sintonia entre natureza e pessoas.
Alegria, união e paz foram as palavras aclamadas por todos e eleitas como as mais representativas dos momentos vivenciados. No encerramento tivemos, ainda, a tradicional Feira de Trocas, cujo fundamento está na circulação de boas energias, economia solidária e sustentabilidade.
A formação ministrada pelo Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo e WCS Brasil, em parceria com a UEMS integra o programa “Águas de Corguinho” da WCS Brasil e o projeto “Planejamento territorial
para uso do turismo sustentável em Corguinho/MS. O Instituto Mamede contou com apoio da WCS Brasil, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de Mato Grosso do Sul e Prefeitura Municipal de Corguinho-MS.Pra finalizar alguns depoimentos dos participantes:
O curso foi inspirador, a começar pela paisagem que nos cercava. A simpatia das pessoas da comunidade me dava ânimo e eu me senti totalmente em paz naquele lugar. Aprendi muito com a equipe do Instituto Mamede, com cada participante do curso e principalmente com a comunidade. Quero usar cada ensinamento que absorvi para o resto da minha vida. Sou muito grata por ter participado dessa experiência. Bruna Gust Rachel (acadêmica de Turismo - UEMS).
O curso de Ecoturismo de Base Comunitária na Comunidade Quilombola de Furnas da Boa Sorte foi enriquecedor para todos os participantes e organizadores, no sentido de perceber que o Turismo conecta pessoas e lugares, exaltando e conservando a natureza, possibilitando novas experiências de vida, além de alternativas de trabalho e renda. Incentivar o empreendedorismo nas comunidades amplia as perspectivas não só da comunidade local como da cadeia produtiva do Turismo, projetando regiões de natureza privilegiada que Mato Grosso do Sul guarda como incríveis surpresas para o público que aposta na sustentabilidade social, ambiental e econômica através do Turismo. Profa. Emília Oppliger (UEMS).
O curso de Ecoturismo de Base Comunitária desenvolvido junto à Comunidade Furnas da Boa Sorte foi uma experiência ímpar para mim como acadêmica de Turismo, onde a interação entre os participantes do curso e a comunidade foi de extrema importância no diagnóstico e planejamento para o desenvolvimento do ecoturismo local. Os três dias de curso proporcionaram uma vivência de união, companheirismo, troca de aprendizados, repleta de alegria e emoções positivas, em um cenário natural espetacular que já me deixa planejando a próxima viagem para as Furnas da Boa Sorte. Amanda Maciel Assis (acadêmica de Turismo – UEMS).
A força está na comunidade, na união e dedicação. Ampliar a visão e acreditar nos permite enxergar muitos horizontes e o grande potencial que tem Furnas da Boa Sorte. Sr. Deoclides Ribeiro Ramos (morador).
Estamos com a faca e o queijo, as possibilidades foram apresentadas, agora vamos reunir forças para continuarmos o trabalho. Profa. Elaine Matheus Teodoro (moradora).
O homem foi criado no jardim do Éden porque Deus sempre quis colocá-lo no melhor lugar. Então, cuidar da natureza também é nosso dever como cristão. Chegou um momento em que Deus se arrependeu de ter criado o homem, não a natureza. Assim, o ecoturismo também representa uma forma de proteger a natureza. Sr. Valdeli Bonifácio Ribeiro (morador).
O curso abriu nossa mente e certamente temos um futuro promissor. O primeiro passo foi dado, vamos avançar. Profa. Rosa Helena Borges Maria (moradora).
Este curso representou uma experiência muito positiva para todos que participaram. A Comunidade Quilombola Furnas da Boa Sorte aprendeu sobre Ecoturismo como uma fonte de renda e como uma maneira de proteger um ecossistema rico, mas também frágil. Foi muito inspirador ver pessoas trabalhando juntos para uma causa tão boa. Quando pessoas se ajudam e acreditam umas nas outras, tudo é possível. Stefan Grol (artista plástico e guia de turismo).
O curso trouxe valorização da identidade, empatia com a comunidade e preocupação com a natureza. Esse final de semana eu vi um brilho especial nos olhos de todas as pessoas que estavam em Furnas da Boa Sorte. Houve uma mudança dentro de cada um dos envolvidos. Estou convicto de que em breve haverá bons frutos. Mozart Sávio (acadêmico de biologia – UFMS).
Vivenciar e experienciar o aprendizado de Ecoturismo de Base Comunitária na Comunidade Quilombola da Boa Sorte foi deslumbrante, pois acredito que é o recomeço da construção e ressignificação da identidade e da cultura daquela comunidade, assim como a valorização do incrível patrimônio natural existente naquela região. Sou imensamente grata por fazer parte desse processo. Marta Regina S. Melo (mestranda em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional - UNIDERP).
Acredito que a proposta do ecoturismo apresentada à comunidade boa-sortense enquanto um negócio rentável e responsável com a conservação ambiental, dando nova perspectiva econômica, de melhoria de vida e manutenção dos elementos naturais região, representou um passo muito importante, uma vez que os moradores que participaram do curso se mostraram entusiasmados nas atividades de planejamento. Fábio Júnio Fonseca (acadêmico de biologia – UFMS).
Foi incrível a condução do Curso de Ecoturismo de Base Comunitária – EBC realizado em Furna da Boa Sorte. A interação e a imersão na cultura quilombola local fluíram na direção da sustentabilidade e para a elaboração de estratégias voltadas para o desenvolvimento do ecoturismo de base comunitária. A simplicidade de todos constituiu a marca registrada do curso e contribuiu de forma significativa para a vivência de momentos especiais e para o intercâmbio de conhecimento. Gleidson Melo (biólogo).
O Curso EBC me proporcionou aprendizado e conhecimento que vão além do que se aprende dentro de uma sala de aula. A convivência com a comunidade e os demais cursistas, mesmo que por poucos dias, foram suficientes para uma troca bastante enriquecedora. Além disso tudo, o ambiente onde estávamos inseridos deu um toque super especial ao que estava acontecendo. Fico sem palavras para descrever o que foi acordar todos os dias aos pés do Morro São Sebastião, comer em todas as refeições frutas tiradas do pé e despertar aos sons da natureza. Michele Torres (bacharel em direito).
Ecoturismo de base comunitária é um aliado da preservação ambiental. Quanto mais promovermos este tipo de ação, mais as pessoas se sentirão motivadas a conservar a sua região e a valorizar os serviços ambientais. Representa uma maneira de ganho para todos, economicamente para a comunidade e ambientalmente preservando e mantendo a biodiversidade em escala regional. Alexine Keuroghlian (diretora WCS Brasil – Pantanal).
Há muito tempo vimos organizando esse momento de trocas, planejamento e sonhos. Algo feito por muitas mãos e muitas mentes. É prazeroso ver tantas pessoas sonhando o mesmo sonho e essa utopia, como dizia Galeano, nos faz caminhar. Estamos em plena travessia, em busca de um mundo mais justo e sustentável, tendo o Ecoturismo de Base Comunitária (EBC) como uma das estratégias para a construção de territórios sustentáveis. Passar o dia da Consciência Negra escrevendo essa história juntos com a comunidade Quilombola de Furnas da Boa Sorte não tem preço. Sigamos!! Ainda temos muito a percorrer. Simone Mamede (sócio-diretora do IMPAE e idealizadora do curso).
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