Bike Birding – Pedal Socioambiental pela Chiquitania Boliviana
Pela Chiquitania. Foto: Jucá |
Ao começarmos um novo ano sempre almejamos novidades, algo edificante, desafiador, mas prazeroso. Talvez busquemos completude de olhar, de convívio, de encontros entre seres, sejam humanos ou não. Completude: talvez este tenha sido o fio condutor dessa aventura sobre duas rodas pela Chiquitania Boliviana. Essa região, ao leste da Bolívia, departamento de Santa Cruz, corresponde ao território de atuação das missões jesuíticas entre os séculos XVII e XVIII, cuja paisagem congrega Pantanal, Chaco, Floresta estacional e Cerrado, incluindo, naturalmente, as áreas de transição entre essas formações.
Pedal na Rota Bioceânica. Foto: Jucá |
Foram 11 dias entre chegada e partida da Bolívia num percurso com subidas leves, outras nem tanto, entre altos e baixos, o desafio revelou mais de 100 espécies de aves observadas, entre elas: gallito-de-collar (Melanopareia maximiliani), urubu-rei (Sarcoramphus papa) e tantas outras que tornaram nossos dias mais encantadores e perfeitos. Várias unidades de conservação integram essa região, dentre elas, a Reserva de Vida Silvestre Valle de Tucabaca com mais de 262 mil hectares de extensão territorial.
A cada cidade e povoado que parávamos uma lembrança única era arquivada na memória com muito
carinho. As orientações de champ boliviano Álvaro em Puerto Suarez, a receptividade das crianças e adultos em Yacuces, o banho ao ar livre em Naranjos, os hervores em Aguas Calientes, a riqueza de aves e da paisagem, a hospitalidade das pessoas em Santiago de Chiquitos, os cuidados médicos em Roboré, a paisagem sagrada de Chochis, os aplausos (Bravo!! Bravo!!) e cumprimentos amigáveis na estrada, enfim, tudo o que uma bicicleta pode proporcionar de especial ao viajante.
Escalar rochas areníticas de Santiago e se sentir à altura das esculturas em rochas moldadas pelo tempo na “Antesala del Cielo”, foi um dos momentos marcantes da expedição. Em Chochis, patrimônio natural e cultural boliviano - nosso último ponto do percurso - a beleza se completava com esculturas e arte em madeira, rochas, monumento natural e memorial às vidas de 1979. A cada parada tínhamos a certeza da completude da natureza, incompletude humana e o quanto tudo está interligado, basta enxergar as conexões.
Uma vez mais o grupo constatou que a bici é mais que um meio de transporte, é meio de inclusão, de cidadania, de felicidade... Ela nos conduz para um mundo mais humano, sustentável e cheio de vida.
Quem participou dessa travessia: Simone Mamede (bióloga), Maristela Benites (bióloga), Lidia Coimbra (artista plástica), Maria Vitória (professora e monitora ambiental), Estael de Aurea (artista plástica), Lara Lunna (escritora), Fabiano Ramos (monitor ambiental) e Vania Jucá (fotógrafa).
O que esses amigos têm em comum? São amantes da natureza, da vida ao ar livre e da bicicleta, e não são ciclistas profissionais.
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